quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal!



Meu colega da UFPB, Adriano de Léon, fotografou a obra de arte acima reproduzida no Shopping Sul, no bairro dos Bancários na capital da Paraíba, João Pessoa.

Trata-se da "Fuga de Jesus para o Egito" - passagem remarcável na odisséia bíblica em que Maria e José fogem com o menino Jesus para que ele não seja morto pela ira do rei Herodes, que havia mandado matar todas as crianças menores de 2 anos de idade.

Reparem que a paisagem não é nada parecida com a de Israel, antigamente Galiléia.... Há picos nevados, pinheirinhos de natal... o que produz uma sensação de fora do lugar.

Mas o simplório pode ser singelo...

Simplicidade, pureza de coração é assim que quero passar este natal, atenta as coisas simples, sem olhar as contradições do mundo, focando no essencial: a fuga do mal. O resto é paisagem.











domingo, 20 de dezembro de 2009

Conselhos para um 2010




  • Sobre as suas metas para o Ano Novo



Anote os seus querê e pendure num lugar que você enxergue todo dia.

Mesmo que seus objetivos estejam lá prá baixa da égua, vale à pena correr atrás. Não se agonie e nem esmoreça. Peleje.

Se vire e mêta o pé na carreira, pois pra gente conseguir o que quer, tem é Zé.

Lembre que pra ficar estribado é preciso trabalhar. Não fique só frescando.


  • Sobre o amor

Não fique enrolando e arrudiando prá chegar junto de quem você gosta. Tome rumo, avie, se avexeü Dê um desconto prá peste daquela cabrita que só bate fofo com você. Aperreia ela. Vai que dá certo e nasce um bruguelim réi amarelo.

Você é um corralinda. Se você ainda não tem ninguém, não pegue qualquer marmota. Escolha uma corralinda igual a você.

Não bula no que tá quieto. Num seja avexado, pois de tanto coisar com uma, coisar com outra, você acaba mesmo é com um chapéu de touro.ü As cabritas num devem se agoniar. O certo é pastorar até encontrar alguém pai d'égua. Num devem se atracar com um cabra peba, sem futuro, malamanhado e fulerage.

O segredo é pelejar e não desistir nunca. Num peça pinico e deixe quem quiser mangar. Um dia vai aparecer um machoréi bem massa.



  • Sobre o trabalho

Trabalhe, num se mêta a besta. Quem num dá um prego numa barra de sabão num tem vez não.

Se você vive fumando numa quenga, puto nas calças e não agüenta mais aquele seu chefe réi fulerage, tenha calma, não adianta se ispritar.Se ele não lhe notou até agora é porque num tá nem aí se você rala o bucho no trabalho. Procure algo melhor e cape o gato assim que puder.

Se a lida não está como você quer, num bote boneco, num se aperreie e nem fique de lundu. Saia com aquele magote de amigos pra tomar uns merol.Tome umas meiotas e conte uma ruma de piadas que tudo melhora.



  • Sobre a sua vidinha

Você já é um cagado só por estar vivo. Pense nisso e agradeça a Deus.

Cuide bem dos bruguelos e da mulher. Dê sempre mais que o sustento, pois eles lhe dão o aconchego no fim da lida.

Não fique resmungando e batendo no quengo por besteira. Seje macho e pense positivo.

Num se avexe, num se aperreie e nem se agonie. Num é nas carreira que se esfola um bode.



  • Arrumação motivacional

No forró da entrada do ano, coma aquela gororoba até encher o bucho. É prá dar sorte, mas cuidado, senão dá gastura.

Tome um burrim e tire o gosto com passarinha ou panelada que é prá num perder a mania.

Prá começar o ano dicunforça: Reflita sobre as besteiras do ano passado e rebole no mato os maus pensamentos.

Murche as orêia, respire fundo e grite bem alto:


Agora é só levantar a cabeça e desimbestar no rumo da venta
que vai dar tudo certo em 2010.

Peeeeennnnse num ano que vai ser muito bom.
Respeite como vai ser pai d’égua esse 2010.

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Para Sara..."


Este post é uma forma de agradecimento a uma das leitoras do blog.

Ela nem imagina, mas seu "puxão de orelha" falando sobre a falta que sentia de novos escritos no blog, trouxe-lhe um novo fôlego, um suspiro, uma sacudida...

E o importante é que ela disse das sensações dela. (Ela se expressou com palavras como "tão, tão tranquilo..." o sentimento que trazia para ela as leituras. E disse também que, por vezes, ficava com aquilo que lia na cabeça durante a semana.)

Tão, tão bom ouvir isto... (plagiando a nossa querida leitora pernambucana.)

Isto tudo serve para dizer de algo tão importante ou fundamental para que qualquer coisa aconteça, para que qualquer palavra tessa... O outro, a outra... que está bem ali do outro lado, mesmo que imperceptível.

Tantos e tantas reflexões, textos e elocubrações sobre a "alteridade" em nossas vidas, que nos dá outros significados, olhares e tantas "contrapalavras", como dizia um filósofo russo da campo da linguagem, Bakhtin, que gosto tanto de estudar.

Bem, ele diz que o outro é capaz de nos dar "acabamento". O outro ou a outra (a Sara, por exemplo, no caso) foi quem nos deu acabamento... disse-nos do que causa a ela nossas palavras... nossos escritos. E a partir daí sabemos que vale mesmo a pena (da caneta rs) . Ela nos dá "validade", validade às nossas enunciações, termo caro a este filósofo russo de que falei. É uma dádiva porque ela acaba nos dando oportunidade para expandirmos ou modificarmos algo da nossa "autoconsciência".

Ela nos dá esse acabamento tão necessário a nossa "auto-estima"- noção posta em dúvida por um psicanalista de quem tb gosto muito, Contardo Calligaris - que para ele (e pra mim tb) não parece ser tão "auto" assim; de repente, é mais "alter"- estima. rs

Obrigada, Sara!

Veja como o(a) leitor(a), o(a) apreciador(a), o(a) ouvinte pode ser parte tão integrante da arte, como a própria arte ou o seu criador; é parte imprescindível desta "arquitetônica" que constitui qualquer criação estética, teórica, etc.

Abraço grande
Obs.: Esta imagem de aquarela linda de uma artista mineira já foi postada no blog em outubro do ano passado e suas referências estão no post "Cozinhando com as Meninas Gerais..." out/2008.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Antropologia Cômica!






Royal Anthropological Institute (UK) lançou a International Anthropology Cartoon Contest em julho de 2009. Parece que a disputa foi um sucesso, com a participação de vários países, inclusive o nosso. A ideia era abordar temas antropológicos de uma maneira cômica e diferente.








Algumas das charges podem ser vistas em http://www.flickr.com/photos/raieducation








Vou deixar aqui a que levou o segundo lugar:
















terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"(Não) atire no dramaturgo"!


Há uns três dias atrás, acho que no dia 5 de dezembro, vi no jornal a notícia de que um dramaturgo em São Paulo, havia sido alvejado por tiros dentro de um bar durante a madrugada, enquanto comemorava um espetáculo escrito e dirigido por ele, "Brutal".

Já falei aqui sobre coincidências e não vou me ater a elas no caso, porque considero até de mal gosto, no momento.

Mas que é "Brutal" um crime como este, assim como outros vários atos de violência quase gratuita que ouvimos, lemos ou assistimos e que enchem as páginas dos jornais e sites de notícias do nosso país diariamente... não preciso mesmo comentar.

Como gosto e me identifico cada vez mais com o mundo da literatura, do teatro, do cinema e de artes afins, meu interesse se desviou do crime violento e passeou, querendo conhecer melhor este homem, Mário Bortolotto.
Dado em "estado grave", ele poderia deixar de fazer suas artistagens antes mesmo de eu ter o prazer de saber da sua existência. Isto tudo devido a um tiro, ou mais tiros, cravejados em seu peito em uma das tantas boas noites em que esteve bebendo, cantando e curtindo os amigos; o que parecia ser parte de sua filosofia de vida e inspiração para sua arte.

Descobri, então, seu blog pelos órgãos de notícia e quando li o título... (Sinto contrariá-lo, Mário, mesmo convalescente e indisponível no momento para qualquer discordância ou debate com uma leitora novata e meio chata... ) Decidi incluir nele uma palavra, sem sequer pedir sua permissão, pelo menos no meu blog. Trata-se de um "não"... bem no início do título, que só traria mais tranquilidade ao meu coração, quiçá das pessoas que já te conheciam e admiravam.

Sabe essas coincidências atrozes, das quais prometi não falar? E não preciso... só necessito reproduzir aqui o nome do blog e de um livro com o mesmo nome, escrito pelo danado desse Bartolotto: "Atire no dramaturgo" ( http://atirenodramaturgo.zip.net/ )
E não é que dá vontade mesmo de apagar ou mudar algo?! "Palavras minhas, palavras suas", como já dizia o ditado.
A principal e mais feliz descoberta desta incursão, porém, foi uma empatia genuína com seu jeito maroto, intenso e inadaptado de escrever, pensar, viver... Com certeza, despertou minha vontade de ler seus escritos, ouvir as músicas que tanto recomenda e ver quem sabe alguma de suas peças, com certeza. (De cá, já rezo por sua pronta recuperação).
Queria deixar só uma palhinha aqui para vocês, de um trecho em que em meio a uma reclamação, ele dá uma "receita" de como adaptar suas histórias para seus futuros encenadores.
"Aconselho a quem quiser se aventurar a encenar algum outro texto meu (...) a ler muito gibí, ver muito filme alternativo (...) e inclusive, muito filme "B". Esqueçam David Lynch, Almodovar, Lars Von Trier, etc. Eu não tenho nada a ver com isto. Tentem ler os caras que realmente mudaram a minha vida (Bukowski, Spillane, Henry Miller, ...). Também tem que sair pra rua, beber até de manhã com alguns amigos engraçados e apaixonados."
(Estou com problemas no copiar e colar, rs . Vou adicionar o texto depois. Mas, podem ir ao blog dele no post do dia 29/11)
Ah, ele tem um conjunto bacana de rock e blues com amigos, do qual ele é o vocalista e compõem músicas, chama-se "Saco de ratos". Eles se apresentam em galerias alternativas em São Paulo.
Para finalizar, saúde, Mário Bartolotto! E prazer em conhecê-lo mesmo num momento assim, tão delicado. (Mas, você não me pareceu ser mesmo muito convencional.)
Obs.: A foto postada foi retirada do blog do dramaturgo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Acadêmicos amestrados Por Idelber Avelar

Acadêmicos amestrados

Por Idelber Avelar [Terça-Feira, 1 de Dezembro de 2009 às 15:31hs]

Se um marciano aterrissasse hoje no Brasil e se informasse pela Rede Globo e
pelos três jornalões, seria difícil que nosso extra-terrestre escapasse da
conclusão de que o maior filósofo brasileiro se chama Roberto Romano; que
nosso grande cientista político é Bolívar Lamounier; que Marco Antonio Villa
é o cume da historiografia nacional; que nossa maior antropóloga é Yvonne
Maggie, e que o maior especialista em relações raciais é Demétrio Magnoli.
Trata-se de outro monólogo que a mídia nos impõe com graus inauditos de
desfaçatez: a mitologia do especialista convocado para validar as posições
da própria mídia. Curiosamente, são sempre os mesmos.

Se você for acadêmico e quiser espaço na mídia brasileira, o processo é
simples. Basta lançar-se numa cruzada contra as cotas raciais, escrever
platitudes demonstrando que o racismo no Brasil não existe, construir
sofismas que concluam que a política externa do Itamaraty é um desastre,
armar gráficos pseudocientíficos provando que o Bolsa Família inibe a
geração de empregos. Estará garantido o espaço, ainda que, como acadêmico, o
seu histórico na disciplina seja bastante modesto.

Mesmo pessoas bem informadas pensaram, durante os anos 90, que o elogio ao
neoliberalismo, à contenção do gasto público e à sanha privatizadora era uma
unanimidade entre os economistas. Na economia, ao contrário das outras
disciplinas, a mídia possuía um leque mais amplo de especialistas para
avalizar sua ideologia. A força da voz dos especialistas foi considerável e
criou um efeito de manada. Eles falavam em nome da racionalidade, da verdade
científica, da inexorável matemática. A verdade, evidentemente, é que essa
unanimidade jamais existiu. De Maria da Conceição Tavares a Joseph Stiglitz,
uma série de economistas com obra reconhecida no mundo apontou o beco sem
saída das políticas de liquidação do patrimônio público. Chris Harman,
economista britânico de formação marxista, previu o atual colapso do mercado
financeiro na época em que os especialistas da mídia repetiam a mesma
fórmula neoliberal e pontificavam sobre a "morte de Marx". Foi
ridicularizado como dinossauro e até hoje não ouviu qualquer pedido de
desculpas dos papagaios da cantilena do FMI.

Há uma razão pela qual não uso aspas na palavra especialistas ou nos
títulos dos acadêmicos amestrados da mídia. Villa é historiador mesmo,
Maggie é antropóloga de verdade, o título de filósofo de Roberto Romano foi
conquistado com méritos. Não acho válido usar com eles a desqualificação que
eles usam com os demais. No entanto, o fato indiscutível é que eles não são,
nem de longe, os cumes das suas respectivas disciplinas no Brasil. Sua
visibilidade foi conquistada a partir da própria mídia. Não é um reflexo de
reconhecimento conquistado antes na universidade, a partir do qual os meios
de comunicação os teriam buscado para opinar como autoridades. É um uso
desonesto, feito pela mídia, da autoridade do diploma, convocado para
validar uma opinião definida a priori. É lamentável que um acadêmico, cujo
primeiro compromisso deveria ser com a busca da verdade, se preste a esse
jogo. O prêmio é a visibilidade que a mídia pode emprestar - cada vez menor,
diga-se de passagem. O preço é altíssimo: a perda da credibilidade.

O Brasil possui filósofos reconhecidos mundialmente, mas Roberto Romano não
é um deles. Visite, em qualquer país, um colóquio sobre a obra de Espinosa,
pensador singular do século XVII. É impensável que alguém ali não conheça
Marilena Chauí, saudada nos quatro cantos do planeta pelo seu A Nervura do
Real, obra de 941 páginas, acompanhada de outras 240 páginas de notas, que
revoluciona a compreensão de Espinosa como filósofo da potência e da
liberdade. Uma vez, num congresso, apresentei a um filósofo holandês uma
seleção das coisas ditas sobre Marilena na mídia brasileira, especialmente
na revista Veja. Tive que mostrar arquivos pdf para que o colega não me
acusasse de mentiroso. Ele não conseguia entender como uma especialista
desse quilate, admirada em todo o mundo, pudesse ser chamada de "vagabunda"
pela revista semanal de maior circulação no seu próprio país.

Enquanto isso, Roberto Romano é apresentado como "o filósofo" pelo jornal O
Globo, ao qual dá entrevistas em que acusa o blog da Petrobras de
"terrorismo de Estado". Terrorismo de Estado! Um blog! Está lá: O Globo, 10
de junho de 2009. Na época, matutei cá com meus botões: o que pensará uma
vítima de terrorismo de Estado real - por exemplo, uma família palestina
expulsa de seu lar, com o filho espancado por soldados israelenses - se lhe
disséssemos que um filósofo qualifica como "terrorismo de Estado" a
inauguração de um blog em que uma empresa pública reproduz as entrevistas
com ela feitas pela mídia? É a esse triste papel que se prestam os
acadêmicos amestrados, em troca de algumas migalhas de visibilidade.

A lambança mais patética aconteceu recentemente. Em artigo na Folha de São
Paulo, Marco Antonio Villa qualificava a política externa do Itamaraty de
"trapalhadas" e chamava Celso Amorim de "líder estudantil" e "cavalo de
troia de bufões latino-americanos". Poucos dias depois, a respeitadíssima
revista Foreign Policy - que não tem nada de esquerdista - apresentava o que
era, segundo ela, a chave do sucesso da política externa do governo Lula:
Celso Amorim, o "melhor chanceler do mundo", nas palavras da própria
revista. Nenhum contraponto a Villa jamais foi publicado pela Folha.

Poucos países possuem um acervo acadêmico tão qualificado sobre relações
raciais como o Brasil. Na mídia, os "especialistas" sobre isso - agora sim,
com aspas - são Yvonne Maggie, antropóloga que depois de um único livro
decidiu fazer uma carreira baseada exclusivamente no combate às cotas, e
Demétrio Magnoli, o inacreditável geógrafo que, a partir da inexistência
biológica das raças, conclui que o racismo deve ser algum tipo de miragem
que só existe na cabeça dos negros e dos petistas.

Por isso, caro leitor, ao ver algum veículo de mídia apresentar um
especialista, não deixe de fazer as perguntas indispensáveis: quem é ele?
Qual é o seu cacife na disciplina? Por que está ali? Quais serão os outros
pontos de vista existentes na mesma disciplina? Quantas vezes esses pontos
de vista foram contemplados pelo mesmo veículo? No caso da mídia brasileira,
as respostas a essas perguntas são verdadeiras vergonhas nacionais.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Comida de "macho" (Reflexões gastronômicas sobre gênero)


Outro dia, tive o prazer de conhecer um restaurante, meio que por acaso, no centro do Rio de Janeiro.

Queria comer uma comidinha mais caseira, tipo arroz com feijão, e me lembrei de algum lugar que tinha passado em frente, na Travessa do Ouvidor (centro do Rio).

Lá fui eu, então, à digníssima ruela em busca daquele restaurante que mais parecia uma galeteria das antigas. Balcão com muitos atendentes, bem cheio, e com a tradicional placa na porta com o preço da refeição escrito em giz branco.

Uma mulher perto do caixa me vê parar e olhar fixamente, meio sem entender o "esquema", aproxima-se e explica. São R$ 12.00 tudo: comida, refresco e sobremesa, mas não aceitamos cartão de crédito.

Olhei para dentro, expiei um pouco e resolvi andar mais e visitar outros lugares na rua, para só depois, voltar e experimentar a tal refeição que parecia robusta, no restaurante de nome exótico, "Esquimó". (Algo no mínimo antagônico ao calor que estava nos derretendo feito gelo, esses dias no Rio de Janeiro)

Então, tomei coragem (vocês já vão entender o porquê...) e entrei. Fui encorajada ainda mais com a "visão" de uma mulher, quase senhora, em meio a um amontoado de homens no balcão.
Lugar perto, não tinha... mas assentei-me decidida e resoluta no balcão de trás com meus companheiros "de rancho". Era um restaurante com alma "viril", quase uma confraria de machos; cspaço que poderia ser melhor entendido se pensarmos, comparativamente, nos salões de beleza, onde geralmente, mulheres, tendem a se sentir um tanto à vontade.
Gente, foi uma experiência!
Não fui educada para sentir-me mal por estar num ambiente com muitos homens ou em lugares ou atividades quase que estritamente masculinas. Aliás, adorava acompanhar meu pai nos eventos "sociais" dele quando era mais nova.
Mas há muito não entrava em um ambiente com tanta testosterona, tradições e ritualismos masculinos. Senti-me quase que uma espiã, desvendando segredos da masculidade. Alguém não exatamente malvisto(a) ou incoveniente ao ambiente, mas nitidamente fora de seu lugar.
Eram homens!!! Servindo, chegando, comendo, conversando... e papos já "acordados" tacitamente por garçons e clientes, que já sabiam os times de futebol uns dos outros, etc. Alguns garçons, vendo um cliente familiar chegar, escolhiam um lugar próximo e o convidava a se sentar.
A escolha da comida, dos acompanhamentos, parecia ser quase "adivinhada" pelo "companheiro" que o servia. "O de sempre?" "O de sempre, mas com salada de beterraba."

Um grupo de rapazes mais ou menos jovens que chegara, momentos depois, fazia brincadeiras continuamente com o senhor que os atendia, com sotaque espanhol, aumentando a cada meio minuto o número de pedidos do mesmo prato, bife à milaneza com ovos estalados... E o senhor gritava para algum outro "homem" que preparava o prato, mais à frente. Risonho, mas com voz firme e colocada, aumentava progressivamente a quantidade de bifes com ovos estalados: "quatro bifes com ovos...", "cinco bifes..." E o pedido era sempre refeito como num espetáculo cômico, projetado na voz solene deste garçon locutor.
Enfim, os sons groturais das vozes dos atendentes que faziam os pedidos combinavam com os sons da bateria de pratos e talheres sendo empilhados. Fazer barulho não só era permitido como parecia parte mesmo da sonoplastia viril do local. Quase que uma música para os ouvidos dos clientes habituais.
Mas se narrasse o cuidado com os pratos servidos, o tempo de chegada do pedido e o bom astral do atendimento, poderia fazer muita gente se enganar tendondo imaginar um ambiente "sem frescura". O que vi foi uma atenção e presteza como poucas vezes, em busca da satisfação do cliente cativo do lugar (o que cativava outros(as)... como eu).
A cena que presenciei de um garçon cortando em pedacinhos o mamão da sobremesa de seu cliente que estava com uma das mãos machucadas, foi de uma delicadeza até pouco viril.

Enfim, na fila para o pagar o PF deparei-me com uma reportagem na parede, sobre um chef francês famoso por aqui, que em visita ao local, elogiou a comida do lugar.

Quero muito voltar lá, mas já marquei a próxima visita com uma amiga, para não me sentir tão "fora do lugar" sozinha e poder apreciar novamente a gostosa e honesta comida, para macho nem fêmea nenhum botar defeito!
Desculpem-me os exageros de gênero... rs
Endereço: Travessa do Ouvidor, 36. Centro do Rio
Outros blogs que comentam o restaurante
comerbemrio.blogspot







sábado, 17 de outubro de 2009

caronas online!

www.bigoo.com.br


O bigoo é parte do dialeto recifense e quer dizer: carona!

Meu primo Davi e seus amigos, todos formados em Ciência da Computação da UFPE -, tiveram uma ideia genial: criaram um site de ofertas e aceitação de caronas !

O caroneiro e o que oferece carona tem que fazer um prévio cadatramento. Com isso há segurança, uma vez que você pode limitar a oferta de caronas apenas para seus amigos, para os amigos de seus amigos. Mas se quiser, a oferta poderá ser pública.

Leiam a reportagem no Diário de Pernambuco, http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/09/29/urbana9_0.asp

Leiam também a excelente matéria nesse blog http://blogs.diariodepernambuco.com.br/meio_ambiente/?p=4215

Bigoo é um iniciativa simples que pode melhor a mobilidade nas nossas cidades.

Acessem www.bigoo.com.br

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Risada


Minha amiga ficou comigo na minha casa por uns dias. Fizemos tudo juntas: acordar na mesma hora; sincronizar o banho para não congestinar o dia; ela fazia almoço, eu lava as vasilhas; dormir na mesma hora e assim por diante. Foi tão bom ter sua presença. Essa amiga ri de tudo e ri alto. É engraçado: vê-la rir dá vontade de rir. A gente se pergunta: ela é mesmo feliz ou uma "boba-alegre" como se diz lá em Minas? Além disso me pergunto mais: por que eu não rio assim? Por que não cultivei a gargalhada frouxa, o falar "baboseira", falar da vida alheia, assistir novela das 6? Quando ela foi embora, fiquei triste, muito triste e sozinha. Sua presença preenchia a casa e era como um remédio para a minha solidão crônica. Preciso rir mais, mas preciso de gente ao meu lado: rir sozinha é coisa de doido solitário.

Incongruências da vida



Já tem um tempo que queria parar e escrever sobre algumas indiossincrasias que o viver acomete com a gente.
Ouvimos tantos ditados como “Deus escreve certo por linhas tortas” e outros afins a esta percepção bem humana da vida, mas nunca eles conseguem substituir as cores que os eventos trazem para estas quase conclusões da experiência que é viver.

O dia que você veste a camisola digna de uma “noite de núpcias” e melhor ela lhe cai, por exemplo, é aquele em que você está sozinha se namorando no quarto, com um bom livro na mão, uma música gostosa tocando e um espelho a lhe felicitar o olhar.

Você recebe aquela rosa vermelha, pelas mãos de uma amiga, em uma visita corriqueira no meio de uma terça-feira... E você de alguma forma intuía um encontro com a tal flor neste dia, pois o amor havia invadido sua pele, suas entranhas e tudo mais. E o causador desse sutil estado, sequer imaginou uma materialização tão bela da natureza para você.
O seu mais novo amigo pode vir a comer merecidamente o macarrão feito à mão com carinho, para um amor que pouco lhe correspondeu com o estômago ou órgãos afins.

A palavra amiga esperada, nem sempre corresponde ao que o coração pedia ouvir; mas o cérebro pega no tranco, quando falta ao coração, e te repatria a consciência sobre o que precisaria escutar.
Ou quem sabe a palavra mal colocada carregou toda a importância de um silêncio necessário?

É levando um fora carinhoso e terno que você pode ter a chance de redescobrir o amor, pelo impedido amor. Quem sabe começando bem um final, você reinicia poderosamente uma história de amores na vida?

Enfim... não nunca terá fim, estas incongruências . Parecem peças escritas infinitamente para serem mais ou menos bem ou mal interpretadas pela gente.

domingo, 9 de agosto de 2009

Aniversário


Vai chegando o aniversário da gente e vem vindo um monte de lembranças e balanços, mesmo que não queiramos.

Fiz uma arrumação no quarto, nas coisas, nas fotos, nos guardados, nos engavetados e esquecidos.

Joguei fora, aproveitei, coloquei e recoloquei no lugar; fiz algumas inovações.

Revi fotos e reli muita coisa íntima. Cartões, cartas, bilhetes...

Chorei, sorri e revivi coisas guardadas na alma também.

Mas, em especial, queria relatar o reencontro com um presente que ganhei no último aniversário que foi muito importante para mim. Aqueles presentes bem diferentes e, por isso, especiais.

Era uma espécie de um espelho. Uma carta que me descrevia muito bem (e os defeitos estavam incluídos, cuidadosamente rs).

Acho que a amiga, que confeccionou o presente inspirador, não pôde entender como esse "espelho" foi e continua sendo valioso.

Foi como um flash, uma fotografia de relance, mas que pegou um close que foi fundo, e me trouxe de algum lugar ali, de presente para mim.

E continua sendo uma imagem na qual me vejo sob vários aspectos, como um bom espelho.

Agradeceria à ela ainda agora, passado quase um ano, na véspera de uma outra "data querida".


terça-feira, 28 de julho de 2009

Resgates importantes!



Hoje foi um dia importante.
Resolvi finalmente resgatar minha bicicleta que estava sequestrada na garagem do prédio de uns amigos que nem mais lá moravam.
Demorei mais de um mês para conseguir o intento. Precisei chamar o "reboque" e ela foi direto para o hospital ou UTI das bicicletas, pois precisava de uma revisão geral com direito a troca de fios enferrujados e faxina.
Foi um ato importante. Eu, na infância, elegi este brinquedo de adulto como meu principal entretenimento. Ensinei meus irmãos a andarem sem rodinhas - e olha que nem era a mais velha. Eu me orgulhava muito disto!
Sei que não vai ficar baratinho a sua recuperação, mas é que ela é quase uma parte minha. Minha volta à infância, aos sentimentos de liberdade, autonomia e prazer (principalmente quando o ventinho batia no rosto).
Realmente necessitamos resgatar algumas coisas na vida. Reformá-las, cuidar delas, protegê-las do esquecimento. Não seria um esquecimento de nós mesmos?
Voltei mais feliz, depois de uma longa caminhada com direito a bolha no tornozelo. E olha que o dia não estava lá prometendo estas coisas, pela noite passada.
Hoje foi um dia de resgate intenso mesmo; das coisas avariadas, estragadas ou esquecidas ao léu.
Lembrei-me agora de outra coisa que, no caminho de volta do resgate, precisei buscar também.
Tinha deixado um óculos de sol (o meu único óculos de sol) para uma análise na loja de sua compra. Ele já tinha se descascado nas pernas e ainda assim, deixei ele comigo; mas caiu e quebrou uma delas ao meio. E, esse aí, não teve jeito.
Deram-me a oportunidade de escolher outro. Novo modelo... outra cor... desing diferente.
Engraçado que nem cogitei mais ficar com meu velho amigo (agora me dou conta), mas escolhi demoradamente o próximo que me acompanhará sempre, pela sua unicidade.
E renovei, então, escolhendo um azul, para dar cor e alegria, ou mais humor à minha vida.
No mais... resgates com ou sem conserto, são sempre importantes.
E quando sem conserto, resta uma oportunidade para uma nova história.

Menina MA




quinta-feira, 11 de junho de 2009

Spaghetti!


Gostaria de começar o texto assim...
(como vários textos cheios de pleonasmos tão comuns, que são um tanto rechaçados pelos amigos da dita "boa escrita", mas nem sempre pela poesia)
"Somente poucos momentos..." (como este que vou relatar agora)
... podem trazer uma certa paz camuflada de esperança, que vem da possibilidade de ver a beleza nas coisas mais que simples, cotidianas e pouco inusitadas, da vida.
Hoje vi minha sobrinha, que faz dez meses hoje, (outra repetição! ops) comer spaghetti ao molho de tomate e queijo, feito pela mamãe, com suas próprias mãos. (pleonasmo!)
Não, "feito gente grande", mas feito uma experiência de artista, daquelas bem pós-modernas, que aparecem em instalações de bienais de arte em São Paulo. rs
Bem... os gestos, os olhares dela para aquele macarrão com molho subindo e se alongando em suas mãozinhas; o ato de colocar na boca quase tudo e ir cuspindo, chupando e sorrindo, numa concentração primorosa, faziam dela - aos olhos de tia - uma artista.
Apreciar esta "arte" dela dá uma dimensão para as descobertas que saímos fazendo pela vida e, porque não dizer, derrama um molho todo especial no coração de uma tia.
Bom apetite!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Ser e seu Existir

Começando com um título assim, lembro-me do Heidegger. Sim, ele já me foi apresentado rapidamente, há um ou dois anos atrás, de uma maneira eficiente. Por mais complexa que pareça ser a sua filosofia, ela vai num ponto interessante da nossa passagem por aqui: o existir/dasein. (Numa tradução filosófica de boteco.)
Se esta "passagem" é longa, breve, intensa ou um marasmo, deve-se um tanto ao que ele bondosamente nos tentou dizer em palavras, mas que foi desistindo ao tentar finalizar, por não mais tê-las para uma melhor definição.
Disse somente, interpretando aqui, com minhas pobres palavras, que ser e existir não são necessariamente a mesma coisa.
Existir seria uma espécie de entendimento do que é sentir estar vivo; uma percepção em movimento; um mergulho num emaranhado de plenitude, mesmo que momentâneo.
Em suma, existir traz a sensação de se estar vivo. (O tal "dasein" dele, da grande obra inacabada "O Ser e o Tempo")
E a linguagem que melhor expressa a experiência deste conceito/sentimento talvez seja mesmo a poesia, como diria o próprio pensador.

Um acidente aéreo como o de hoje, onde se vão de uma só vez, 228 pessoas que viviam ou existiam, no sentido mais filosófico da palavra, provaca-me este mergulho na imensidão dos sentidos perdidos.
Porquê? Como? Para quê? De que maneira?
Um acidente como esse parece ser a prova de que a vida literalmente acontece... Ela é puro acontecimento!
O abrir e fechar das cortinas de um palco, sem direito à muitos ensaios, nem a garantia de grandes atuações ou aplausos calorosos.
O diferencial a que nos caberia (pobres mortais)? O que nos faria ser menos submissos aos desígnios e fatalidades?
Talvez, seja existir... (Heideggernianamente falando.)

Para conhecer um pouquinho do filósofo que cito, sendo-lhe, com certeza, um tanto infiel, com a minha vã filosofia...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heidegger

domingo, 24 de maio de 2009

"Só pra ser especial"



Hoje acordei e entrei na rede, antes de tomar café...
Dei de cara com alguma reportagem sobre a Mallu Magalhães, uma música e compositora, teen, que quase todo mundo já ouviu falar... até eu mesma.
(E se não ouviram ainda, eu aqui, vos apresento, agora)
Fui bisbilhotar algo sobre ela, porque ainda não tinha ouvido uma só de suas canções. Ela foi um desses sucessos que se fizeram pela internet, mostrando que esse espaço virtual pode ser mesmo tão interessante e democrático.
Virei fã dela quase no ato. Por várias coisas... mas, principalmente por sua aparente sensibilidade, doçura, originalidade e talento. (Todo o conjunto do seu jeitinho, mesmo).
E fiquei com vontade de ter um Ipod; virar contemporânea dela... (como todos esses meninos e meninas que circulam com essas coisas no ouvido, pelas ruas.)
"Só para ter as músicas dela ao ouvido", de vez em quando... e sentir o prazer e o desprazer de ser da sua geração, de estar começando a virar adulto, nesse mundo de hoje.
Ela tem metade dos meus anos já vividos e sente muita coisa igual a mim.
Esta música, em especial, bateu forte.

Vanguart
Composição: Mallu Magalhães
Ah, se eu fizesse tudo que eu sonho,
Se eu não fosse assim tão tristonho,
Não seria assim tão normal.
Ah, se eu fizesse o que eu sempre quis,
Se eu fosse um pouco mais feliz,
Levantasse o meu astral...
7 dias vão e, eu nem fui ver.
7 dias tão fáceis de se envolver.
Ah, se eu tivesse fotografado,
Se eu tivesse me integrado,
Ao mundo sobrenatural.
Aaaah, eu seguiria o realejo.
Desenharia o que eu vejo,
No meu cereal.
30 dias do mês que ficou pra trás...
E eu sou só mais um desses meros tão mortais.
Mas, Ah, se eu fizesse alguma diferença,
Se eu curasse alguma doença,
Com uma força genial...
Ah, Ah, Ah, Oh,
Ah, eu cantaria pra fazer sorriso,
Eu perderia o meu juízo,
Só pra ser especial.
7 dias vão, não! eu não fui ver.
São 7 dias tão fáceis de se envolver.
30 dias do mês que ficou pra trás...
Mas eu sou só mais um desses meros tão mortais.
Mas ah, se eu fizesse alguma diferença,
Se eu curasse alguma doença, com uma força genial.
Aaaah, eu cantaria pra fazer sorriso,
Eu perderia o meu juízo,
Só pra ser especial.

Podem ir lá no My Space dela ouvir suas composições e releituras de músicos que ela gosta.
http://www.myspace.com/mallumagalhaes
E no youtube tem vários clipes, inclusive, oficiais, como esse aqui, da primeira música de sucesso dela na internet.
http://www.youtube.com/watch?v=-6BNin_x_74&feature=related
Você pode ouvir a música acima neste endereço: http://www.youtube.com/watch?v=Eeuo3zD7g3c&feature=related

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Domestic Bliss...


Depois das abominações domésticas, nada melhor que pensar tudo aquilo que faz "o lar ser o melhor lugar do mundo"...
Eu amo com todo o meu ser:

Banho quente depois de chuva fria

Cama com lençóis recém-trocados

Comidinha da mamãe

Quitutes da vovó

Cinema com pipoca em tarde de Domingo chuvoso

Colo de mãe

Paparico de Madrinha

Rede na varanda

Dormir abraçadinho

Acordar com um beijo

Café da manhã na cama

Café da tarde com pão de queijo quentinho

Dividir brigadeiro de colher com uma amiga

Bolo de chocolate quente
...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Bar ruim é lindo, bicho.


Um amigo recente, depois de um bom papo e causos engraçados sobre os costumes e maneirismos da (nossa) classe média abobada, lembrou-se de um texto que tinha recebido de outros amigos, que falava exatamente do que estávamos tentando descrever, mas que descrevia com primazia o assunto.

Eis que está aqui o tal texto (corrente) e eu "me surrei de tanto rir" porque passei por situação muito parecida com o descrito no texto.

Vale à pena ler. Vocês vão acabar apontando o dedo para si ou para outrem, bem próximo. rs
Lá vai...

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins.
Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de 150 anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de 150 anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando nas últimas semanas o proletariado é o Betão, garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas acreditando resolver aí 500 anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
"Ô Betão, traz mais uma pra gente", eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte do Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte do Brasil, por isso vamos a bares ruins,que tem mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gateau e não tem frango à passarinho ou carne de sol com macaxeira que são os pratos tradicionais de nossa cozinha.
Se bem que nós, meio intelectuais, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gateau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
A gente gosta do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim.Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, a gente bate uma punheta ali mesmo.
Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectual, meio de esquerda freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.Porque a gente acha que o bar ruim é autêntico e o bar bom não é, como eu já disse.O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas.Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e nesse ponto a gente já se sente incomodado e quando chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual, nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e universitários, a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó.
Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV.Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevete e chinelo Rider.Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico.E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem.Os que entendem percebem qual é a nossa, mantém o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam em 50% o preço de tudo.Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato.
Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae.Aí eles se fodem, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão brasileira, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda, no Brasil!Ainda mais porque a cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo.
Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda, como eu que, por questões ideológicas, preferem frango a passarinho e carne de sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca mas é como se diz lá no nordeste e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é mais assim Câmara Cascudo, saca?).
- Ô Betão, vê um cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

A imagem já está com a fonte impressa. Não vou fazer propaganda. rs

Abominações Domésticas






Eu odeio com todo o meu ser:

Requeijão de copo com migalhas de bolo ou pão

Lixo de pia molhado

Deixar comida vencer na geladeira

Jogar lixo reciclável na lixeira comum

Xixi na tampa do vaso sanitário

Arruinar o suco por causa de uma laranja estragada

Cheiro de esgoto na cozinha de casa

Acúmulo de cabelo no ralo do chuveiro

terça-feira, 28 de abril de 2009

Homônimas



Hoje retornei à minha alegria de escrever.
Hoje que estou triste, magoada, chateada. Sabe aqueles dias em que dá vontade de descobrir quem você é? Parece que "alguém" anda lhe enganando, escondendo-lhe quem você, de fato, poderia ser, para ser, então.
De repente, você poderia ou deveria ser outra pessoa e não esta - a que se tornou.
Fui vagar pelas ruas virtuais da noite (chuvia muito lá fora para qualquer outro tipo de passeio) e fui "me pesquisar" para ver se me encontrava.
Tive, contanto, um certo medo de ver algo de que não gostasse.
E lá estava eu fazendo aquela coisa surreal, que acabamos fazendo quando pensar não faz mais sentido algum ou quando não há mais porque raciocinar sobre um sentido qualquer para qualquer coisa.
Lá estava eu pesquisando o meu próprio nome (ou o meu nome próprio) num site de busca.
E no meio desta busca encontrei algo interessante, que prendeu minha atenção: duas homônimas!
Como tenho um nome composto e numa combinação nada comum, acrescentei somente mais um sobrenome e pronto: Portugal poderia ser a minha pátria... Que descoberta!
Lá estavam elas... bem vivas. Vivendo outras vidas que não eram a minha. E tão diferentes, quanto interessantes.
Basta pensar que existe uma rapariga portuguesa com quase o mesmo nome e idade (que eu), que é cantora de fado! e já gravou seu primeiro disco solo.
Bacana... Para hoje, então, sua persona me emprestaria um moleton, bem confortável e quentinho.
A outra, mais experiente e estudiosa - pelo que parece - possui não só meu nome composto, como meu primeiro sobrenome e se tornou uma doutora nas ciências.
Bem, disto, hoje, não teria muita inveja dela (agradaria-me mais ser uma "cantora de fado", como a minha outra "outra").
Mas, ela é uma bióloga! e em sua pesquisa virtual consta um congresso de ornintologia.
E não é, então, que ela poderia ter escolhido passar a vida a estudar pássaros?
Aí, tudo mudou de figura e voou para algo bem mais apaixonante...
Senti alguma inveja dela, também.
No mais, depois de toda esta incursão com outras e em outras possibilidades de vida, só me restou mesmo ir em direção à cama ("que é lugar quente", como o tal moleton).
E, quando me dou conta da cena, vejo a minha pequena coleção de artefatos sentimentais amontoados na cabeceira, por causa da chuva.
(Tive que retirá-los de perto da janela, se não, molhavam).
Eles pareciam olhar para mim, querendo me consolar... O cordão de corações verdes e acolchoados, o casal de namoradeiros em miniatura, o sapo de porcelana azul trazido do México, por um amigo... Até o abajur com sua luz amarela parecia sentir ali, por mim, alguma compaixão.
Senti-me a própria Amélie Poulain com seus duendezinhos companheiros.
Ai, derreti...



. A imagem linda é a tela de Pablo Picasso, Mulher ao Espelho, de 1932.
. Ouçam o fado da minha homônima aqui http://www.youtube.com/watch?v=gV9_6A1Qv9I&feature=related . Vale pena escutar Nome de Mar.
. E quem ainda não viu "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", filme francês dirigido por Jean-Pierre Jeunet em 2001, não pode perder a chance.
Menina MA (que não é tão má)

sexta-feira, 27 de março de 2009

A poesia que não nos deixa morrer





Foto de Fernanda Freire
Para ver mais: http://www.flickr.com/photos/fefreire


Venho escrevendo alguns poeminhas, diálogos da alma, conversas comigo mesma.
Arrumando o armário, tirando os guardados, encontrei este aqui, de agosto de 2005.

Sertaneja

Logo o tempo passa ligeiro
Apruma as folhas do pé de pau

Comer doce para tomar água
bem muita farinha de mandioca
cuzcuz com leite de gado

Nunca confiei em noite sem lua
Meus beijos secos de boca salgada

"Eita, que a tapioca hoje tá salgada"

Me dá da doce
Adocica minha consciência
minha vergonha despida
meu medo de ser mulher

quarta-feira, 4 de março de 2009

Ressaca de Carnaval!


... Ou, mais polidamente, reflexões pós-Carnaval

Ao telefone com uma amiga de longe, vou narrando o Carnaval, as crônicas de uma figura já cansada das firulas carnavalescas.
Vou sendo tão tragicômica na narração que a amiga aos risos (de algo que nem eu sei se achava mais uma comédia) me aconselhava a escrever. “Você tem que escrever isto!" kkkk
Acho que ela estava rindo era de mim mesmo, do meu tom de voz, meio desconsolado; já meio desapegado, analítico e tragicômico, sobretudo.
Bem, passamos ao cumprimento do trato feito (com ela.)
Dizia à ela que o Carnaval é mesmo o arquétipo perfeito da imagem do pierrô. Metade alegre, felizinho da vida; metade triste, morococho.
Que todo mundo se apronta e se diverte à sua maneira, mas não damos conta sempre de compartilhar as mesmas expectativas carnavalescas (ou as nossas neuroses, sendo mais direta)
Eu mesma... gosto muito de falar coisas que nunca falaria, se não estivesse fantasiada; de conversar com pessoas completamente desconhecidas no meio do caminho, ou dentro do bloco. O que seria mais divertido do que pular Carnaval com desconhecidos irmanados na fantasia de se despir da nossa “velha” persona de todo dia? Acabo com quase toda a vergonha, aproveitando-me da situação que a minha nova personagem criou. Rs
Esse é o meu barato! Minha válvula de escape tupiniquim. É algo completamente lúdico (tentando falar bonito outra vez).
O carnaval é muito importante. Importantíssimo! Só não consigo levar muito à sério. Não consigo me estressar com compromissos de Carnaval, mas me impaciento com quem se estressa e não gosta do sabor do improviso. (Esse é justamente o meu outro lado do pierrô : ( )

Carnaval é o momento de uma certa ausência de lei; onde é permitido não funcionar tão bem, ou pelo menos, não levar os erros banais à sério. É o momento da inversão saudável de valores. A festa onde o pobre pode virar rei e rainha; o machão uma mulher assanhada; a santinha, uma prostituta, etc. (Posso até citar fontes antropológicas, para os que necessitam delas... Roberto Da Matta, como alguns de nós sabem, trata disso num livro clássico da Antropologia brasileira, “Carnavais, Malandros e Heróis”; que eu mesma tive que fichar.)
Mas, voltando mesmo às vacas frias, com o meu próprio “sentido sem direção” sobre o Carnaval... (citação inspirada numa pichação de rua, numa encruzilhada, em Santa Teresa).
Simplesmente acho que não há como prever muitas coisas durante o Carnaval.
O bloco vai sair mais cedo ou vai atrasar... Vai marcar de manhã e sair à tarde, ou vice-versa - como aconteceu com um dos meus preferidos este ano.
Você marcou de encontrar os amigos do outro lado da cidade... e tem um bloco no meio do caminho da vã que você já arriscou pegar porque é Carnaval e os ônibus vão demorar. Só que o motorista da vã faz o caminho que quer e, às vezes, isto dá zebra. (Isto aconteceu comigo também, acreditem).
É melhor, então, sintonizar outra estação e colecionar pérolas que ouve no meio do engarrafamento. Um carinha insistindo sorridentemente, na proposta indecorosa de te beijar pela janela da vã.
“Vou beijar-te agora, não me leve à mal, hoje é Carnaval!”
A senhora meio tonta fazendo convites libidinosos e engraçados aos mocinhos que entravam no veículo.
Bem, e é assim mesmo que pode surgir um novo bloco: “Tô no bloco da vã apertada e presa no engarrafamento!”, como dizia um rapaz ao celular para algum folião que o esperava pela cidade à fora.
E o Carnaval mesmo - e o melhor do Carnaval - se faz deste improviso, na minha modesta opinião. rs
Do atraso... quando meus amigos não puderam me esperar tomar café, é que pude conhecer uma foliã engraçadíssima, a Leila, super paramentada, e com certeza (àquela hora da manhã) indo para o mesmo bloco que eu. Isto foi o suficiente para racharmos um táxi para o mesmo destino e no caminho, ela me dar altas dicas de blocos e fantasias interessantes que ela já improvisou. Isto sim é que é foliã de verdade!
Agora, coisa mais importante ainda é refletir sobre os sapos e príncipes encantados carnavalescos...
É que eles aparecem de maneiras bem diferentes do que em quase todos os outros contos de fada! Rsrsrsrs
Talvez, você o encontre voltando pra casa, depois de tomar um banho de mangueira no bloco e de desmanchar toda a sua carregada maquiagem.
Ele, vindo em direção oposta a sua, meio destrambelhado e descabelado - vestido de palhaço, claro - e sem remediar, meio tonto; pisa, então, no seu pé e o acerta em cheio.
Sendo um cara lá no fundo bacana e já tendo brincado com todas as garotas que encontrou pela frente; vai poder fazer juras de amor ao seus pés. Se bobear, vai beijar o seu pé (sujo) e declamar que nunca viu uma "chapeuzinho vermelho" tão bonitinha. (E você jurando que fez todo esforço do mundo para se fantasiar de cigana.) Hehehe
Isto não é ultrarromântico?!
(Olha o que a reforma ortográfica fez com esta palavra! Não, não fui eu, sozinha.)
Então, o Carnaval é propedêutico: ensina a gente a relativizar! (Aula de Antropologia para foliões iniciantes.)
Você pode sair muito bem acompanhada(o) para um bloco, com os seus melhores amigos foliões e, de repente, dar-se conta de que pulou o bloco inteiro sozinha (sem eles) e se divertiu muito.
Se perder, no Carnaval, é se encontrar!
No mais... as marchinhas vão começando a diminuir o ritmo e ajudando a gente a engatar a primeira para o ano de trabalho e desafios a que nos propomos.
Final da apuração...
Óculos de sol perdido
Uma febre terçã
Dores no corpo
Rosto quase descascando
E o ganho de uma ressaca que deve ser eliminada da cabeça por uma amnésia quase que desconhecida...
Porque ano que vem tem mais!
E faço minhas as palavras que Chico Buarque lindamente compôs: “ tô me guardando pra quando o Carnaval chegar” .

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Rainha do mar, do mar azul... Eu vou pro mar..."



“Não há mal que o mar não possa curar,
não há pedido que Iemanjá não possa atender.”

"Dia 2 de fevereiro... "
Fiquei com vontade de contar uma história, dessas que contam sobre as bonitas sincronias da vida.
Quem nunca teve uma para contar?
No dia 2 de fevereiro, eu me vi, de repente, em uma casa, bem perto do mar... acertando minha vida para ir morar por lá.
Saí de lá, de biquini por baixo, direto para um mergulho nele. Como evitar dar um mergulho, depois de um bom tempo de resguardo dele? E, ainda por cima, dando-se conta que aquele era o dia consagrado a Iemanjá, sua rainha?!
Fui lá me oferecer, oferecer minha moradia, agradecer àquela imensa imensidão do mar.
Nos meus últimos encontros especiais com o mar... um encontro de conversas, segredos, pedidos e agradecimentos... eu me via cantando aquela música, que eu conheci na voz da Marisa Monte.
"Mar, misterioso mar, oh... Que vem do horizonte... "
"Ela mora no mar, ela brinca na areia... No balanço das ondas, a paz ela semeia."
E das últimas vezes foi assim... era colocar o pé na água e vinha vindo aquele som, do inconsciente.
Uma espécie de agrado, "uma oferenda", à Iemanjá.

Eis que ontem, quando cheguei lá, quase noite, para tomar meu banho de mar lunar. Nada tocou dentro de mim.
Quando fui adentrando àquela água já escura pela falta da luz solar, eis que a cantora lá do bloco, do seu trio elétrico, inciou a canção...
"Ela mora no mar... ela brinca na areia... no balanço das ondas, a paz ela semeia..."
Mar, misterioso mar... oh...
E, enquanto estou escrevendo aqui, um CD toca. Um CD com músicas variadas que ganhei e ainda não pude ouvir.
Enquanto escrevo, começa a tocar "Arrastão", na voz da Elis Regina.
(Sem comentários rs)
"Ei meu irmão, me tráz Iemanjá pra mim!"
Sincronias...
Quem já não teve as suas???
Menina MA

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Caderninho vermelho

Ontem, à noite, ganhei de presente um caderninho pintado de guache vermelho na capa. Todo confeccionado por duas mãozinhas pequenas, de uma menina risonha e sapeca que já mora no meu coração, a Maria, minha xará.
Ela mesma fez este caderninho tão bonitinho e tão bem feitinho (sinto que muitos podem se incomodar com os meu diminutivos, mas é algo fora ao meu controle).
O fato é que Maria Clara acertou em cheio no presente sem aniversário ou motivação maior, mas na data certa. E ela nem sabia como gosto de cadernos pequeninos, com capas bonitas, para anotações pequenas, àquelas do coração. Tenho sempre um na bolsa, para momentos furtivos, como esse, quando bate a inspiração. Sim, como já disse aqui, temos que saber respirar... E sem se inspirar... Como fazer? rs
Então, ganhei esse caderno ontem, que me foi tomado das mãos algumas vezes, para alguns retoques de perfeição. Ela trouxe régua e lápis e traçou linhas nas folhas brancas, todas. E me disse que a tinta era fresca e que precisava de um tempo ainda para secar. Respeitei todas as recomendações.
Sabe o que me deu vontade de fazer com ele quando o vi aqui em casa na manhã deste domingo fresquinho? Escrever sobre esta garotinha.
E começou a sair letras bem assim, sobre as folhinhas do caderno...

"Este caderninho especial foi a Maria Clara que me deu. Ela o fez com o maior carinho. Pintou ele de vermelho na capa e traçou linhas muito fortes para que eu desenhasse palavras nele.
Maria Clara é uma menina linda, doce. Morena jambo igual a mim. Ela é carinhosa e gosta de sorrir.
Ela gosta de fazer bijouterias para as pessoas de quem ela gosta. Ela também faz cartinhas recheadas com flor dentro do envelope.
A Maria gosta de vestir roupas nas bonecas dela; dar mamadeira, trocar fraldinha e colocar os bebezinhos para dormir.
Gosta, também, esta menina sapeca, de fazer cosquinhas e de rir sem parar, às gargalhadas, como uma bruxinha com poderes mágicos no riso. ( He, he, he... Hi, hi, hi..) Parece até que ela consegue transformar tudo a sua volta quando dá sua risada... " E é assim que foi saindo esta histórinha que ainda não teve fim.
Que volta à infância a Maria nos tráz de presente! Será que existiria algo mais bacana com o que se presentear?!
: ) : ) : o : o : ( : / rsrsrsrs hehehe kkkkk
Menina MA
(Perdendo o medo do ridículo)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um Valentine para o dia do Amor


Dia do amor... Dia de São Valentim: 14 de fevereiro.
Dizem que é comum a quem comemora esta data, fazer um ou mais valentines (cartões) para presentear namorados, amigos e pessoas da família.
Como adoro cartas, cartões e afins...
Este dia não fazia parte do meu calendário, até porque, como todos nós sabemos, o famoso dia de comemoração do amor, aqui no Brasil, é o dia 12 de junho, "Dia dos namorados", véspera do dia de Santo Antônio.
Confesso que sempre achei esse dia egoísta, de um certo mau gosto com as pessoas excluídas do amor de eros na tal data. Desde o raiar do sol até o anoitecer ou, principalmente ao anoitecer, os solteiros e azarados com eros nao tinham muita paz.

Foi num certo dia 14 de fevereiro, há exatamente 7 anos atrás, porém... que, colocando as malas no carro de uma amiga, de mudança para a cidade maravilhosa, descobri esta data no calendário de minha agenda.
Sentindo-me um tanto sozinha, numa casa, num bairro e numa cidade em que mal conhecia ninguém... fui escrever algo na agenda, quando pude me dar o prazer da minha importante companhia. E eis que estava lá escrito, neste mesmo dia... Dia do Amor. (O que me trouxe bons presságios e boas energias.)
A partir daí, fui me informar melhor e, assim como o dia de ação de Graças americano, achei de bem, incluí-lo na lembrança de datas à comemorar.
Até porque tinha mesmo o que comemorar junto com esta data.
Fui saber também que o dia dedicado ao Amor, ou o famoso "Valentines'day", era uma data mais aberta à comemoração dos vários tipos de amor; não só os venusianos, mas também os mais uranianos ou aquarianos - universais e solidários, para os mais entendidos em astrologia. rs
Aqui estou eu, sete anos depois... um tanto diferente do Brad Pitt. Sete anos no Rio ou sete aos no Tibet, não daria para traçar tantas comparações - apesar de ter recém descoberto o meu ashram por aqui. rs
E colho os amores que a vida nesta cidade me proporcionou. Alguns de eros, outros de irmandade mesmo. Acabo sendo mais uma devota, portanto, deste santo rebelde, subversivo e apaixonado.
Viva São Valentim! Santo que foi decaptado neste dia, porque sendo padre, negou-se a obeceder a ordem do imperador de Roma, de não realizar mais casamentos dos seus soldados... neste dia que foi dedicado à sua vida e dedicado ao amor (e ao comércio! Mas, não vou tocar neste assunto para não diminuir o romantismo da data).
Histórias de santos são realmente interessantes, acreditando ou não nos sobrehumanos poderes destas fuguras, quase sempre tão humanas.)
No mais, mais amor... Muito amor!
Menina MA
Para saber mais sobre a história de São Valentim http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Valentim

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Indicamos: Blog

Uma dica para quem quiser conferir um blog recheado poesia, astrologia e amor...

ASTROLOGIA VIVA -
O blog do VIVASTRO

http://vivastro.blogspot.com/

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Cabo Branco Unido pela Lixeira

João Pessoa é uma cidade linda.
Pela manhã, fecham a Avenida Cabo Branco – a beira mar – do bairro que tem metro quadrado mais caro da cidade. Na avenida, o pessoal anda, corre, pedala. Pois, sim.
E não é que uma barraca de praia, muito solicitamente, colocou uma mesa na avenida com um garrafão de água mineral, copos de plástico e vejam: um baldinho de gelo (!) - para refrescar o calor, que ás 7 horas da manhã já está forte.
Reparem que o pessoal da barraca não colocou nenhuma lixeira para depositar os copos usados. O cidadão bem observador poderia me lembrar que há lixeiras a cada poste no calçadão, assim, mais ou menos, a cada de 10 metros há uma lixeira de cor vermelha (bem visível).
Mas, o leitor vai se espantar quando eu disser o que vejo pela manhã quando saio a caminhar pela bela orla de João Pessoa. Pessoas de bem, mulheres da sociedade, colunáveis; homens bem sucedidos, de negócio lucrativo, param rapidamente para pegar um copo de água, levam o copo na mão e fazem o que? Se deliciam com a água benta (claro) e jogam o copo na rua! Alguns disfarçam: colocam no capô de algum carro parado, gentilmente depositam no meio-fio, ou (acreditem, eu vi!) tentam enfiar o danado no motor de bugues estacionados. E há os que nem disfarçam...
Ah, como eu queria que este pessoal do bem lesse este depoimento e passasse a zelar pela beleza da cidade onde moram.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Austrália - o filme


Austrália

Good good. O filme é bom, sobretudo por que faz refletir. Impossível não comparar o Brasil e a Austrália, duas colonizações, duas ideologias.

O pequeno “creamy”, traduzido como “café-com-leite”, na versão legendada no Brasil, nem de longe de depara com os dilemas dos mulatinhos brasileiros, filhos de nativas negras com homens brancos ingleses. Ele é só, nem é negro, nem é branco. Por isso, não tem povo, vive entre dois mundos, sem pertencer a nenhum deles. Quer um exemplo: no cinema local, só entra branco, preto e oriental – os filhos mestiços da colonização não podem entrar. No Brasil, diferentemente, o negro é que era colocado de lado, o mulato sempre foi nossa maior riqueza. Afinal, o mulato já representava meio caminho na direção do ideal do branqueamento.

No filme, o homem é homem mesmo. A mulher é mulher mesmo. Nada de troca de papéis ou posições sociais. O homem é valente, corajoso, forte, mas um covarde emocial, tem medo de compromisso, foge deliberadamente da mulher e do filho. A mulher, mesmo infértil, é antes de tudo mãe. Mãe de filhos que não gerou, mãe de uma terra que não é sua. A maternidade abranca tudo ao seu lado e vai transformando campos áridos em paisagens férteis, como a chuva.

Ah, a chuva! A primeira chuva da estação, o ciclo da natureza na mudança radical da paisagem, me faz pensar no sertão paraibano. É como aqui: nas primeiras chuvas, o povo se põe a cantar e dançar deixando-se molhar pela chuva sagrada; a paisagem cinza toma cor e os mais diversos tons de verde aparecem para celebrar a alegria da estação chuvosa. É flor, é pássaro, é, sem dúvida, tempo de acasalamento.

Bem, para aqueles que não conseguem passar sem crítica aí vai: a luz do filme é um tanto irreal, deve ter sido o objetivo do diretor, mas é estranho, nítido demais, os tons do entardecer são bonitos demais. Claro que tem cliclês, filme deste porte e que concorre ao Oscar tem que ter. É longo e cansa, principalmente, os homens homens, como o Vaqueiro bonitão (Hugh Jackman).

Elenco: Nicole Kidman, Hugh Jackman, David Wenham, Bryan Brown, Jack Thompson, e o garoto aborígene Brandon Walters, de 12 anos.

Direção: Baz Luhrmann


sábado, 31 de janeiro de 2009

Bicicleta para Todos



Vejam no Blog do Jamildo: Lula vai lançar o "Programa Bicicleta para Todos"

http://jc.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2009/01/30/lula_vai_lancar_programa_bicicleta_para_todos_40237.php

Grande idéia, desde que venha associada com a construção e manutenção de ciclovias nas zonas urbanas.

Sozinha
















Preciso de gente. Estou sozinha levando a minha vida. Mas eu mesma assim escolhi. Queria ser independente. Correr meus riscos, desfrutar da graça de ter conseguido por mim mesma. Mas, ás vezes, o meu desejo é o mais infantil de todos. Deitar-me encolhidinha e pedir que uma mão poderosa me carregue e faça por mim o que tem que ser feito. Eu queria “alguém que me salvasse” – disse uma vez a uma tia muito sábia. Ela me disse que esta pessoa existia, que estava muito perto de mim, que era eu mesma. Daí, ao mesmo tempo em que entendi a solidão de ser gente, entendi também que para isso não há remédio. Não posso me abandonar, ninguém vai me segurar, carregar no colo, pegar a minha mão para atravessar a rua. Ou eu mesma arranjo o meu almoço ou não como. É assim. Não posso esperar que alguém vá tomar as decisões por mim. Esta pessoa não existe. Mas tem gente, e eu bem conheço, que passa a vida nas costas de outros. Ah que inveja. Quisera eu que alguém procurasse a minha moradia, resolvesse o pepino com a telefônica, levasse a impressora para consertar. Essas tantas pequenas coisas chatas que o cotidiano nos demanda. Ir ao mecânico, pagar propina na Manzuá, tratar com o síndico. Acho que me tornei mulher sem deixar de ser criança. Será isso uma característica comum ás mulheres: ficar a espera de um príncipe encantado, perfeito e majestoso? Aquele com o qual a vida passa macia, sem estresse e principalmente, sem as contas no fim do mês. Aquele sem o qual a vida é esse vale de lágrimas, lutas inglórias, chegadas sem sabor de vitória.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Saudades de algum lugar...


Barra de São Miguel

Maceió

Fazenda do Gunga

Carro Quebrado



Rio São Francisco

"... o Rio São Francisco vai bater no meio do mar..." ( Riacho do navio -Luíz Gozaga)


Alagoas com Sergipe

Nor
des
te

Bra
sil





Neste início de ano senti uma saudade imensa de um lugar que a rotina quase que me fez esquecer que fui.
Os ciclos, porém, nos trazem as lembranças de volta, tal como as ondas revolvem e devolvem o que um dia foi para o mar.

Senti uma saudade imensa de lugares que entraram na minha vida no início do ano passado... e, como se fizessem aniversário agora, voltaram em minha lembrança, um ano depois. Fui passar alguns dias com a família pelo litoral de Alagoas, no ano passado.

Foram visitas à lugares bonitos. Um mar generoso e manso. Água gostosa; coco barato. Uma cor de água que não dava vontade de parar de olhar. Um litoral desenhado por Deus ou outra criatura muito artística e de bom gosto.
Um deles, mais especial, acredito que tocou no âmago da alma de todos nós e tenho certeza de que foi um dos encontros com a natureza mais bonitos que já tive e vou ter (posso prever); a foz do rio São Francisco, que divide Alagoas e Sergipe.
O encontro de um rio com um mar... numa paisagem intocada e bela. Um momento de tanto respeito e harmonia que pudemos vivenciar; de um silêncio profundo e reverenciado pela alma.

Outras belezas...

Amei tudo e mais um pouco.
A praia e as falésias de Carro Quebrado, no litoral norte.
O balneário simpático e aconchegante da Barra de São Miguel.
A comida também simpática e farta do café das Irmãs Rocha ( e o visual lindo que tinha a casa de fazenda deste restaurante) e o da divertida Budega do Sertão, com suas atendentes vestidas à caráter, entretidas em suas fantasias; eram quase atrizes as meninas.
Uma experiência cultural, afetiva e gastronômica. Tudo muito delicioso!

Do outro lado... Em meio à miséria do trabalho árduo nos canaviais, que víamos pela estrada do litoral sul... e as casinhas de palafitas das "favelas" paupérrimas dos excluídos de Maceió e do interior das Alagoas, as rendas... As rendeiras trabalhando, tecendo a "beleza", das portas de suas casas.
(Lembra-me agora o lindo livro de Marina Colasanti, "A moça tecelã"; a moça que tecia seus sonhos, sua vida... e podia desalinhavar, desmanchar, e tercer tudo de novo).
Esse lugar tinha esta magia também, este potencial.
"Ole mulher rendeira... ole mulher renda. Tu me ensinas fazer renda..."
Deus, tu me explicas este Brasil?!
Menina MA

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"Tempo, tempo, mano, velho... falta um tanto ainda eu sei pra você correr macio"


Sei que escrever um blog não é copiar e salvar. Acho que ando copiando para salvá-lo... do perigo de inanição. rs

Na verdade, inspirações vem e vão. Mas há épocas silenciosas. O silêncio poda palavras, versos, temas e inspirações. O silêncio acaba, por vezes, falando mais alto...
Mesmo quando ele fala mais alto algumas músicas e poesias continuam tocando ao fundo.
Esta que hoje ouvi é muito gostosa de cantar e fácil demais de se afeiçoar.
Ela canta o dilema do tempo que está em todo mundo, em toda parte e vai se arrastando com a gente, por toda vida.

Sobre O Tempo
Pato Fu
Tempo, tempo mano velho,
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Tempo, tempo mano velho,
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai

Tempo amigo
seja legal
Conto contigo
pela madrugada
Só me derrube no final.

Se quiserem ver o clipe do grupo mineiro, Pato Fu, no You Tube é só clicar em http://www.youtube.com/watch?v=OhfSkSda5TI

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"Biológicas, exatas e desumanas" por Rosana Hermann

Em tempos em que preciso de um mergulho em leituras e outras escritas mais obrigatórias (e nem por isto desprazerozas) recebi este texto e achei interessante para colocar no blog.
Não conhecia esta jornalista, mas fiz uma pesquisa na net para me situar sobre suas coordenadas geográficas e achei interessante este desabafo dela.
Menina MA

BIOLÓGICAS, EXATAS E DESUMANAS
Rosana Hermann
Não terei tempo de procurar na rede o nome do culpado pela divisão das disciplinas de educação em três vertentes, mas de alguma forma o conhecimento formal ficou dividido em ciências biológicas, ciências exatas e ciências humanas. Acho lindo que tudo seja tratado de forma cientifica e organizada, mas temo que esta tripartição não tenha sido um bom negócio, especialmente hoje, vendo que duas pernas se desenvolveram e uma ficou atrofiada. O homem passeia em Marte com seu robô e envia imagens ao vivo, com exatidão tecnológicas surpreendente. Aqui na Terra, clonam-se seres vivos e as esperanças de cura se renovam com o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco. O tripé do conhecimento desenvolveu pernas longas e bem torneadas para as exatas e biológicas. Infelizmente, com o crescimento das outras duas, a terceira perninha, as ciências humanas, que incluem coisas como a filosofia e a ética, ficou ali, atrofiada e penduradinha como um bilauzinho no inverno polar. E isso, tem tudo a ver com a crise humana do mundo atual.
Estamos todos mais grotescos, mais rudes, mais estúpidos. Somos bem informados, mas nos tornamos ignorantes. Temos automóveis com GPS, mas dirigimos como trogloditas neuróticos. Viajamos pelo mundo inteiro, mas temos preguiça de procurar o baldinho de lixo para jogar o papelzinho da bala. A falta de finesse é geral. Isso tudo, se não for coisa do demo, se não for a prova definitiva de que o projeto 'ser humano' não deu certo, só pode ser atribuído à falta de atenção que demos às ciências humanas, justamente aquelas mais sutis, que não dependem de equações, que não se baseiam nas medições matemáticas e não podem ser testadas em laboratório.
O vórtice vicioso que nos suga ralo abaixo passa por todas as estatísticas de descaso com as disciplinas que podem desenvolver o refinamento das pessoas. Não existem empregos para filósofos, sociólogos, pedagogos, historiadores, cientistas sociais. E, por não ter mercado, os estudantes não optam por estas matérias na hora de fazer o vestibular. Como a procura é pouca, há poucos cursos e etc. e tal.
O que fazer? Bem, esta é uma resposta para as ciências humanas também. Quem tiver sobrevivido na área terá que formular as soluções para esta crise de humanidade que vivemos hoje. Não sei onde o flower power murchou, onde o amor livre foi preso ou como a vida em fazendas cooperativas se transformou nesse mar de prédios de escritórios neuróticos baseados na competição. Só sei que temos que voltar até a bifurcação onde tomamos a trilha errada. Nesta trilha, ansiedade e depressão nos matam, o estresse e a má alimentação engordam, a ira destrói toda nossa capacidade de sentir e amar.
Eu, lentamente, comecei a voltar. E adoraria contar com todas as pessoas de bem, os irmãos de fé, os companheiros de jornada, os camaradas de ideologia, os humanos de coração, para um grande encontro de volta naquele velho ponto da bifurcação. Onde um dia, alguém colocou uma flor no cano de uma carabina.Humanos, uni-vos.
Rosana Hermann

Glossário
Vórtice (ou vórtex) é um escoamento giratório onde as linhas de corrente apresentam um padrão circular ou espiral. São movimentos espirais ao redor de um centro de rotação.
Ele surge devido a diferença de pressão de duas regiões vizinhas. Quando isso ocorre o fluido tende a equilibrar o sistema e flui para esta região mudando, eventualmente, a direção original do escoamento e, com isso, gera vorticidade.
Exemplo: efeito do movimento de uma colher para misturar o açúcar.

Flower Power (Força das Flores) foi um slogan usado pelos hippies dos anos 60 até o começo dos anos 70 como um símbolo da ideologia da não-violência e de repúdio à Guerra do Vietnã.