quinta-feira, 11 de junho de 2009

Spaghetti!


Gostaria de começar o texto assim...
(como vários textos cheios de pleonasmos tão comuns, que são um tanto rechaçados pelos amigos da dita "boa escrita", mas nem sempre pela poesia)
"Somente poucos momentos..." (como este que vou relatar agora)
... podem trazer uma certa paz camuflada de esperança, que vem da possibilidade de ver a beleza nas coisas mais que simples, cotidianas e pouco inusitadas, da vida.
Hoje vi minha sobrinha, que faz dez meses hoje, (outra repetição! ops) comer spaghetti ao molho de tomate e queijo, feito pela mamãe, com suas próprias mãos. (pleonasmo!)
Não, "feito gente grande", mas feito uma experiência de artista, daquelas bem pós-modernas, que aparecem em instalações de bienais de arte em São Paulo. rs
Bem... os gestos, os olhares dela para aquele macarrão com molho subindo e se alongando em suas mãozinhas; o ato de colocar na boca quase tudo e ir cuspindo, chupando e sorrindo, numa concentração primorosa, faziam dela - aos olhos de tia - uma artista.
Apreciar esta "arte" dela dá uma dimensão para as descobertas que saímos fazendo pela vida e, porque não dizer, derrama um molho todo especial no coração de uma tia.
Bom apetite!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Ser e seu Existir

Começando com um título assim, lembro-me do Heidegger. Sim, ele já me foi apresentado rapidamente, há um ou dois anos atrás, de uma maneira eficiente. Por mais complexa que pareça ser a sua filosofia, ela vai num ponto interessante da nossa passagem por aqui: o existir/dasein. (Numa tradução filosófica de boteco.)
Se esta "passagem" é longa, breve, intensa ou um marasmo, deve-se um tanto ao que ele bondosamente nos tentou dizer em palavras, mas que foi desistindo ao tentar finalizar, por não mais tê-las para uma melhor definição.
Disse somente, interpretando aqui, com minhas pobres palavras, que ser e existir não são necessariamente a mesma coisa.
Existir seria uma espécie de entendimento do que é sentir estar vivo; uma percepção em movimento; um mergulho num emaranhado de plenitude, mesmo que momentâneo.
Em suma, existir traz a sensação de se estar vivo. (O tal "dasein" dele, da grande obra inacabada "O Ser e o Tempo")
E a linguagem que melhor expressa a experiência deste conceito/sentimento talvez seja mesmo a poesia, como diria o próprio pensador.

Um acidente aéreo como o de hoje, onde se vão de uma só vez, 228 pessoas que viviam ou existiam, no sentido mais filosófico da palavra, provaca-me este mergulho na imensidão dos sentidos perdidos.
Porquê? Como? Para quê? De que maneira?
Um acidente como esse parece ser a prova de que a vida literalmente acontece... Ela é puro acontecimento!
O abrir e fechar das cortinas de um palco, sem direito à muitos ensaios, nem a garantia de grandes atuações ou aplausos calorosos.
O diferencial a que nos caberia (pobres mortais)? O que nos faria ser menos submissos aos desígnios e fatalidades?
Talvez, seja existir... (Heideggernianamente falando.)

Para conhecer um pouquinho do filósofo que cito, sendo-lhe, com certeza, um tanto infiel, com a minha vã filosofia...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heidegger