sábado, 31 de janeiro de 2009

Sozinha
















Preciso de gente. Estou sozinha levando a minha vida. Mas eu mesma assim escolhi. Queria ser independente. Correr meus riscos, desfrutar da graça de ter conseguido por mim mesma. Mas, ás vezes, o meu desejo é o mais infantil de todos. Deitar-me encolhidinha e pedir que uma mão poderosa me carregue e faça por mim o que tem que ser feito. Eu queria “alguém que me salvasse” – disse uma vez a uma tia muito sábia. Ela me disse que esta pessoa existia, que estava muito perto de mim, que era eu mesma. Daí, ao mesmo tempo em que entendi a solidão de ser gente, entendi também que para isso não há remédio. Não posso me abandonar, ninguém vai me segurar, carregar no colo, pegar a minha mão para atravessar a rua. Ou eu mesma arranjo o meu almoço ou não como. É assim. Não posso esperar que alguém vá tomar as decisões por mim. Esta pessoa não existe. Mas tem gente, e eu bem conheço, que passa a vida nas costas de outros. Ah que inveja. Quisera eu que alguém procurasse a minha moradia, resolvesse o pepino com a telefônica, levasse a impressora para consertar. Essas tantas pequenas coisas chatas que o cotidiano nos demanda. Ir ao mecânico, pagar propina na Manzuá, tratar com o síndico. Acho que me tornei mulher sem deixar de ser criança. Será isso uma característica comum ás mulheres: ficar a espera de um príncipe encantado, perfeito e majestoso? Aquele com o qual a vida passa macia, sem estresse e principalmente, sem as contas no fim do mês. Aquele sem o qual a vida é esse vale de lágrimas, lutas inglórias, chegadas sem sabor de vitória.

3 comentários:

Fernanda Fiuza disse...

Estou plenamente convencida de que, quem inventou essa figura mítica de príncipe encantado é a mesma pessoa que inventou os vanpiros, papai noel e cia...

Por mais difícil que seja, acho que viver a própria vida é muito melhor do que viver a vida atravéz de outro. Isso sim é viver plenamente... Apesar da melancolia de às vezes!

Bjs!

Flávia Pires disse...

Não sei bem o que eu queria - se um pai, um marido ou um deus.

Unknown disse...

Menina! Esta pessoa existe sim.
E não é voce, nem Deus, nem o namorado, nem o irmão.
Por mais palavras que eu tivesse para dizer, você não entenderia. Tem coisas que são assim: só com a vivência podemos aprender.
Como conselho, o melhor que digo é:
você está no caminho certo, mantenha seu foco.
E não se esqueça de que é humana e tem todo direito de errar.