quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"Encontro Anual das Amigas kkk"


Recebo mais um e-mail típico de quando o ano começa a terminar. (Sim, porque todos os términos têm, também, o seu começo.) E não é que já são minhas queridas amigas e ex-vizinhas, tentando marcar mais um encontro de "fechamento" do ano. Um dos nossos rituais quase secretos de passagem para o ano vindouro.
E lá vem elas com propostas de lugar, comes e bebes e a tal "data" tão esperada para um "ritual" tão nosso.

Esses encontros se iniciaram, eu tinha uns 10 ou 11 anos, e o motivo era festejar o Natal e reunir alguns vizinhos e amigos do bairro para uma confraternização. Os pais e irmãos ou irmãs mais velhas tinham um certo respeito por esta nossa festividade - quase uma admiração mesmo, pelo nosso empenho por realizar um ritual festivo - e sempre buscavam colaborar, como fosse possível.
Hoje, mais ou menos uns vinte anos depois, já estamos um tanto separadas pela distância e não tem mais aquela coisa de quem vai trazer o "frango assado", a sobremesa ou a lazanha. Tentamos e aceitamos ser mais práticas para aproveitar melhor o principal prato da reunião que é a "nossa presença": o testemunho de que não nos largamos umas das outras, até hoje; de que apesar da vida nos puxar para lá e para cá.. estamos sempre retornando ao nosso ritual de união, de força e passagem. Uma espécie de benção da amizade!
Umas casaram; outras casaram e tem filhos; outras continuam solteiras e mudaram de cidade, de bairro, de profissão; outras ainda estão prestes a completar trinta anos e se sentindo muito importantes por isto. rs ( A maioria, porém, já é recém-balzaquiana e feliz - quero acreditar.)
E vem, então, o tal esperado e-mail (de comunicação do evento) e dele, outros tantos e-mails em cascata, de lembranças e chororôs, típicos de amigas bem sinceras, como fomos e somos; sinceras até fazer doer.
Surgem desabafos típicos de um "balanço" de fim de ano. Quase parte de um pré-ritual para o encontro..."Por que você está tão sumida..." "Vocês abriram mão da minha presença no encontro do ano passado e eu fiquei triste". "Não queremos abrir mão da sua presença, mas você está sempre tão distante". "Você não conta mais nada de ti; nem fala mais da sua sobrinha - e olha que sempre pergunto." "Minha vida não tem nada de tão novo, assim." "Ando em crise com o trabalho." "Estou sem namorado e sentindo uma baita falta de ter alguém." E por aí vai...

No final, poderíamos facilmente ir das gargalhadas escritas em linguagem virtual no assunto do e-mail original ("Encontro anual das amigas kkkk") ao choro e as lamúrias ("Encontro Anual das Amigas snif, snif... buá, buá"). "São tantas as emoções", como Roberto Carlos bem cantou, e elas cabem todas muito bem, num ano só.
Temos, porém, todavia, contudo, esta espécie de ritual do fogo, de queima e transmutação de dores e alegrias, que nos traz força renovada para uma nova etapa de vida; que já já precisa nascer. E como isto é esperado (mesmo que inconscientemente) dentro de nós!
Menina MA
Fonte: Imagem do site Amigas do Peito; uma Ong de fundada por mulheres de apoio a amamentação. Aproveite e faça uma visitinha. http://amigasdopeito.wordpress.com/amigas/

5 comentários:

Fernanda Fiuza disse...

Ah, Mary, que delícia vc falando dos nossos encontros! Lembro também como eram formatados antes: com ceia, papai noel (genteeee sua mãe vestia de papai noel), a sobremesa de morango e suspiro que a gente nunca esquece... Os presentes do amigo oculto eram brinquedos naquela época!
Não podemos deixar morrer jamais essa nossa tradição!!!
Mesmo distantes, mesmo tão ocupadas com filhos e carreira, mesmo com mil compromissos... O fim do ano não teria o mesmo significado sem passar a limpo nossas conquistas e mágoas, alegrias e decepçõe pela análise de todas!
Bjs mil!!!

Menina MA disse...

Hum... Ótima idéia! Vou ver se ainda acho morangos para relembrar a tal sobremesa. Lembro que não podia deixar de ter no meu aniversário, se não a Dani tinha um filho. rs
Gostei também do "sem passar (...) pela análise de todas". E dali análises surreais hehehe. Os psicólogos ficariam doidos, se vissem o que falamos umas com as outras. Poderia se inserir numa espécie de "terapia de choque"!

Anônimo disse...

Nossa!!!Fiquei muito emocionada com o seu texto. Você citá-lo no seu blog mostra o quanto foi e é muito especial esse nosso ritual. Eu sou uma pessoa de muita sorte, fiz amizades na minha infância e vou levá-las por toda vida. Amo e adimiro muito todas vocês! É muito engraçado nossa amizade porque todas nós somos muito diferente... Então minha queridas amigas, não vamos perder o nosso delicioso "ritual" encontro das amigas e vamos achar uma data!!rsrsrs
Beijos
Dani

Flávia Pires disse...

Adorei a foto das Amigas do Peito e posso imaginar essa festa de vocês olhando para estas mocinhas, cada qual com suas especificidades, mas todas com algo em comum :)

Menina MA disse...

Pois é... boa metáfora esta: "Amigas do Peito". Foi a única imagem que me inspirou colocar no blog. E ela lembra o início dos encontros; porque tem crianças no meio do desenho.
Bem, sobre a data... já vou votar no dia 14 - domingo! (Aproveitando o ensejo. rs)
Beijos
Vocês todas são muito queridas, de verdade!

E sim, é um privilégio ter amigas que trouxemos da infância. Talvez, isto seja causado pela nossa diversidade ou "diferença", como bem falou a Dani.