quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Contra o barulho

Contra o barulho
Fim do barulho // Campanha lançada ontem pelo MPPE prevê pagamento de até R$ 2 mil pelo Disque-Denúncia para quem denunciar o problema

Por Marcionila Teixeira

Campanha contra poluição sonora é lançada no Recife

Todo final de semana, o funcionário público Luiz Augusto Andrade, 34 anos, pega a mulher e o filho de 4 anos e se muda para a casa de algum parente. A mudança forçada acontece por um motivo simples e ao mesmo tempo inusitado: Luiz e a família precisam dormir e não conseguem por conta do som alto registrado no bairro onde moram, no Arruda, no Recife.
Assim como ele, milhares de pessoas vivem o mesmo drama, que muitas vezes é enfrentado de forma violenta. Ontem, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) anunciou mais ações para combater a poluição sonora no estado e todos os crimes ligados a ela. Entre as novidades estão o lançamento da campanha Som sim, barulho não, a capacitação de policiais para lidar com a situação e a recompensa de até R$ 2 mil paga pelo Disque-Denúncia para quem contribuir com a resolução de um problema que afete toda uma comunidade. Além do incômodo à tranquilidade, o MPPE quer reforçar a ideia de que a poluição sonora não é apenas um incômodo aos ouvidos, mas também encobre outros crimes. "Um ambiente onde há carros com som alto, por exemplo, pode atrair os jovens para o uso de drogas lícitas e ilícitas ou para a exploração sexual de crianças e adolescentes", comentou o promotor André Silvani, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Meio Ambiente (Caop). Outra preocupação do MPPE é com a possibilidade de ocorrência de homicídios decorrentes de desentendimentos por conta de barulho, como já aconteceu no estado. O funcionário público Luiz Andrade disse que, logo que foi morar no bairro, tentou resolver o barulho de som alto dos carros ao longo da madrugada conversando com os donos dos veículos ou ligando para a polícia. "Hoje em dia não faço mais isso. São muitos carros. Também tenho medo da reação dos motoristas. Além disso, depois que a polícia sai, eles aumentam o som de novo. Prefiro sair de casa", afirmou. A campanha será veiculada na mídia gratuitamente e por tempo indeterminado. São três VTs para televisão, dois jingles etrês comerciais para rádio, quatro anúncios para jornal e cinco para outdoors. Todas as peças fazem referência ao site www.somsimbarulhonao.com.br. O grupo Diários Associados em Pernambuco, do qual também faz parte o Diario, confirmou participação na iniciativa. Capacitação - Para o promotor André Silvani, a capacitação dos policiais é um dos passos mais importantes da luta contra a poluição sonora. "Esse é um crime como outro qualquer e o policial não precisa pedir para baixar o som ou ter um mandado para entrar na casa de alguém que está abusando do barulho. Ele pede para alguém parar de traficar drogas? Ainda existe essa cultura de que o barulho não é algo importante para ser combatido diante de outros crimes, mas é preciso priorizar esse tipo atuação também", destacou. O secretário executivo de Defesa Social, Cláudio Lima, disse que os batalhões da Polícia Militar de 26 áreas do estado, além das companhias, estão orientados a cumprir metas no combate à poluição sonora. "Apenas duas áreas não cumpriram as metas no ano passado", contabilizou. A Secretaria de Defesa Social promove, desde 2008, a Operação sossego. No entanto, apenas Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes participam da ação. Dados repassados ao MPPE apontam que, em Jaboatão, houve redução de 38% no número de crimes após dois meses do início da operação. Outra arma para combater o mal será a reedição da cartilha Poluição sonora – O silêncio e o barulho, lançada em novembro pelo MPPE. Mais 10 mil exemplares com orientações sobre o tema serão distribuídos logo que o Ministério Público consiga firmar parcerias com setores da indústria local para a reimpressão. Além disso, a entidade também preparou um vídeo educativo para ser usado em seminários e outras apresentações sobre o tema. FONTE: DIÁRIO DE PERNAMBUCO

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