segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Austrália - o filme


Austrália

Good good. O filme é bom, sobretudo por que faz refletir. Impossível não comparar o Brasil e a Austrália, duas colonizações, duas ideologias.

O pequeno “creamy”, traduzido como “café-com-leite”, na versão legendada no Brasil, nem de longe de depara com os dilemas dos mulatinhos brasileiros, filhos de nativas negras com homens brancos ingleses. Ele é só, nem é negro, nem é branco. Por isso, não tem povo, vive entre dois mundos, sem pertencer a nenhum deles. Quer um exemplo: no cinema local, só entra branco, preto e oriental – os filhos mestiços da colonização não podem entrar. No Brasil, diferentemente, o negro é que era colocado de lado, o mulato sempre foi nossa maior riqueza. Afinal, o mulato já representava meio caminho na direção do ideal do branqueamento.

No filme, o homem é homem mesmo. A mulher é mulher mesmo. Nada de troca de papéis ou posições sociais. O homem é valente, corajoso, forte, mas um covarde emocial, tem medo de compromisso, foge deliberadamente da mulher e do filho. A mulher, mesmo infértil, é antes de tudo mãe. Mãe de filhos que não gerou, mãe de uma terra que não é sua. A maternidade abranca tudo ao seu lado e vai transformando campos áridos em paisagens férteis, como a chuva.

Ah, a chuva! A primeira chuva da estação, o ciclo da natureza na mudança radical da paisagem, me faz pensar no sertão paraibano. É como aqui: nas primeiras chuvas, o povo se põe a cantar e dançar deixando-se molhar pela chuva sagrada; a paisagem cinza toma cor e os mais diversos tons de verde aparecem para celebrar a alegria da estação chuvosa. É flor, é pássaro, é, sem dúvida, tempo de acasalamento.

Bem, para aqueles que não conseguem passar sem crítica aí vai: a luz do filme é um tanto irreal, deve ter sido o objetivo do diretor, mas é estranho, nítido demais, os tons do entardecer são bonitos demais. Claro que tem cliclês, filme deste porte e que concorre ao Oscar tem que ter. É longo e cansa, principalmente, os homens homens, como o Vaqueiro bonitão (Hugh Jackman).

Elenco: Nicole Kidman, Hugh Jackman, David Wenham, Bryan Brown, Jack Thompson, e o garoto aborígene Brandon Walters, de 12 anos.

Direção: Baz Luhrmann


Um comentário:

Fernanda Fiuza disse...

Lembrei-me de Passaros Feridos...