terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"(Não) atire no dramaturgo"!


Há uns três dias atrás, acho que no dia 5 de dezembro, vi no jornal a notícia de que um dramaturgo em São Paulo, havia sido alvejado por tiros dentro de um bar durante a madrugada, enquanto comemorava um espetáculo escrito e dirigido por ele, "Brutal".

Já falei aqui sobre coincidências e não vou me ater a elas no caso, porque considero até de mal gosto, no momento.

Mas que é "Brutal" um crime como este, assim como outros vários atos de violência quase gratuita que ouvimos, lemos ou assistimos e que enchem as páginas dos jornais e sites de notícias do nosso país diariamente... não preciso mesmo comentar.

Como gosto e me identifico cada vez mais com o mundo da literatura, do teatro, do cinema e de artes afins, meu interesse se desviou do crime violento e passeou, querendo conhecer melhor este homem, Mário Bortolotto.
Dado em "estado grave", ele poderia deixar de fazer suas artistagens antes mesmo de eu ter o prazer de saber da sua existência. Isto tudo devido a um tiro, ou mais tiros, cravejados em seu peito em uma das tantas boas noites em que esteve bebendo, cantando e curtindo os amigos; o que parecia ser parte de sua filosofia de vida e inspiração para sua arte.

Descobri, então, seu blog pelos órgãos de notícia e quando li o título... (Sinto contrariá-lo, Mário, mesmo convalescente e indisponível no momento para qualquer discordância ou debate com uma leitora novata e meio chata... ) Decidi incluir nele uma palavra, sem sequer pedir sua permissão, pelo menos no meu blog. Trata-se de um "não"... bem no início do título, que só traria mais tranquilidade ao meu coração, quiçá das pessoas que já te conheciam e admiravam.

Sabe essas coincidências atrozes, das quais prometi não falar? E não preciso... só necessito reproduzir aqui o nome do blog e de um livro com o mesmo nome, escrito pelo danado desse Bartolotto: "Atire no dramaturgo" ( http://atirenodramaturgo.zip.net/ )
E não é que dá vontade mesmo de apagar ou mudar algo?! "Palavras minhas, palavras suas", como já dizia o ditado.
A principal e mais feliz descoberta desta incursão, porém, foi uma empatia genuína com seu jeito maroto, intenso e inadaptado de escrever, pensar, viver... Com certeza, despertou minha vontade de ler seus escritos, ouvir as músicas que tanto recomenda e ver quem sabe alguma de suas peças, com certeza. (De cá, já rezo por sua pronta recuperação).
Queria deixar só uma palhinha aqui para vocês, de um trecho em que em meio a uma reclamação, ele dá uma "receita" de como adaptar suas histórias para seus futuros encenadores.
"Aconselho a quem quiser se aventurar a encenar algum outro texto meu (...) a ler muito gibí, ver muito filme alternativo (...) e inclusive, muito filme "B". Esqueçam David Lynch, Almodovar, Lars Von Trier, etc. Eu não tenho nada a ver com isto. Tentem ler os caras que realmente mudaram a minha vida (Bukowski, Spillane, Henry Miller, ...). Também tem que sair pra rua, beber até de manhã com alguns amigos engraçados e apaixonados."
(Estou com problemas no copiar e colar, rs . Vou adicionar o texto depois. Mas, podem ir ao blog dele no post do dia 29/11)
Ah, ele tem um conjunto bacana de rock e blues com amigos, do qual ele é o vocalista e compõem músicas, chama-se "Saco de ratos". Eles se apresentam em galerias alternativas em São Paulo.
Para finalizar, saúde, Mário Bartolotto! E prazer em conhecê-lo mesmo num momento assim, tão delicado. (Mas, você não me pareceu ser mesmo muito convencional.)
Obs.: A foto postada foi retirada do blog do dramaturgo.

2 comentários:

Dolores disse...

Que ele fique bom e que possamos conhecer mais do que ele escreve e produz. Que história mais infeliz.
Beijo, querida

Flávia Pires disse...

Incrível coincidência! Viver é msm um mistério - que só aumenta com o passar dos anos...